sexta-feira, 26 de dezembro de 2008





A dúvida em torno da contaminação da água por urânio em poços artesianos da comunidade de Juazeiro, no entorno da mina explorada pelas Indústrias Nucleares do Brasil, tirou a paz e a tranqüilidade dos moradores do lugar.
A maioria que tem como atividade produtiva o plantio de verduras, hortaliças, frutas e a pecuária leiteira vem sentindo no bolso os prejuízos decorrentes da denúncia apresentada pelo Greenpeace.
A opinião entre os moradores se divide, alguns acreditam que o Greenpeace exagerou e reclamam inclusive da forma como os ativistas penetraram nas terras, alegando serem estudantes desenvolvendo um trabalho escolar. Outros moradores estão em pânico, e alguns até pensam em largar tudo e se mudar para outra cidade.
O que de fato existe até o momento, é somente terror e prejuízo. Os moradores encontram dificuldades para vender os seus produtos nas feiras livres, ouvem piadinhas e tem o leite rejeitado pela cooperativa de laticínios, sediada no município de Lagoa Real.
As denúncias do Greenpeace foram veiculadas em rede nacional de televisão através da Rede Record e do relatório intitulado "Ciclo do Perigo – Impactos da Produção de Combustível Nuclear do Brasil". No município de Caetité, a divulgação se deu de forma espalhafatosa com a presença de representantes da ONG com vídeo conferência realizada no Instituto de Educação Anísio Teixeira com transmissão ao vivo pela Rádio Educadora Santana de Caetité.
Importante aqui, destacar o relatório traz a seguinte conclusão: "considerando seu escopo limitado, esta pesquisa não responde totalmente se a operação de mineração de urânio causa contaminação ambiental no entorno da mina de Caetité."embora tal fato não tenha merecido a mesma atenção que as denúncias feitas.
CONTESTAÇÃO DA INB
Diante da polêmica que se gerou em torno do fato, a INB, através dos seus técnicos destaca que:
* Em seus monitoramentos nunca foi detectado valores de urânio acima daqueles estabelecidos pelas normas brasileiras recomendadas pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente e pela OMS – organização Mundial
de Saúde. Ressaltando que além do monitoramento realizado pela INB a CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear, periodicamente realiza coletas conjuntas visando a aferição dos resultados da INB e que então nunca foi detectado valores diferentes dos analisados pelos laboratórios da empresa.
* Os valores reportados aos Órgãos Normativos e Fiscalizadores, são expressos em unidades diferentes dos divulgados pelo Greenpeace, Os valores encontrados no chafariz da comunidade do Juazeiro, antes da entrada em operação da URA – Unidade de Concentrado de Urânio, que constam dos relatórios do Programa de Monitoração – Pré –Operacional e Operacional, os valores estão expressos em ppb, Parte Por Bilhão.
* Conforme as tabelas nota-se claramente que os valores encontrados nas fases pré-operacional e operacional do empreendimento não registram incrementos, ou seja, aumento de valores, e a média dos valores encontrados nessas fases são compatíveis, havendo ligeiro decréscimo em termos de média de valores após a entrada em operação da URA.
* Após a divulgação do relatório da ONG, a INB realizou nova amostragem no chafariz da comunidade de Juazeiro, no dia 25 de outubro e o valor encontrado foi de 3,1ppb, valor quase nove vezes menor do que o reportado pela ONG.
* O "Poço Amazonas" do qual se refere o Greenpeace está localizado em propriedade particular e não fazia parte até então do Programa de Monitoração Ambiental pois foi aberto recentemente e o valor apresentado no relatório Ciclo do Perigo são distintos, como pode ser observado na tabela .....(ver box)
As análises das águas de poços situados na região, feitas pelo Instituto de Gestão das Águas e do Clima - INGA comprovaram não haver nenhuma contaminação nos pontos onde o Greenpeace afirmou ter encontrado elevada concentração de urânio. Segundo as informações divulgadas, em um único poço - cujas águas não foram analisadas pela ONG e que fica a cerca de 10 km da mina - o Inga detectou teores ligeiramente mais elevados de urânio. Esses teores, no entanto, são dez vezes inferiores aos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Os técnicos que realizaram a análise não souberam afirmar se houve contaminação ou se é de origem natural, já que há muito urânio no solo da região.
O poço 67, o qual foi detectado a concentração de urânio foi interditado pela Defesa Civil, que irá abastecer as cinco famílias com água de outro lugar.
O gerente da INB, Hilton Mantovani afirmou que não existe o impacto ambiental na proporção citada pelo Greenpeace, "todos os impactos foram previsíveis".

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